Bem, vamos lá! Semana passada fiz
um ultrassom de 37 semanas e 4 dias. Alice estava pesando 3,270kg, medindo
quase 50 cm, não estava encaixada, mexeu o tempo todo e placenta indo de grau 2
para 3 (o último grau é o 3°). Ou seja, Alice está grandinha, gordinha, muito
bem aqui dentro e manda chutinhos.
Se mãe realmente tem instinto, o
meu deve estar certo, porque durante toda a gestação eu não apresentei muita
ansiedade, estive calma, só arrumei a malinha sexta passada com a ajuda de uma
amiga – Cris - e de uma lista de outra amiga – Régia - (se não fossem as ajudas,
capaz que não teria malinha, porque eu olhava pras roupinhas e pensava: mas
como arrumar tudo isso? Hahahaha). E todos os meus momentos de ansiedade foram
ocasionados por pegar a ansiedade dos outros, nunca por vontade própria. E essa
é Alice, quanto mais as pessoas sonham com ela nascendo e desejando tal fato,
menos a Alice quer nascer. Ou seja, a Alice é realmente minha filha e do Marco
Túlio por dois motivos: ser do contra (no caso, pegou isso de mim) e ser
preguiçosa (pegou isso do pai). E esses dois fatos concluem o mais importante:
ESTÁ TUDO NORMAL, já que uma gestação pode ir até 40 semanas e quem sabe 42!
Então vamos aos medos: ó, fulana
esperou demais e o bebê comeu cocô + Fulana esperou demais e o bebê era tão
grande que rasgou ela = CULTURA BRASILEIRA POR CESÁREA DESNECESSÁREA. Não culpo
ninguém, eu mesma já tive esses medos antes de engravidar e estudar melhor esta
fase. É nossa cultura. Tirar a coragem, o poder de parir da mulher, para
colocá-la em uma cesárea que pode ser bem desnecessária. Não vou dar aulas
aqui, basta um Google para os ansiosos de plantão verem que o risco de
complicações em cesárea é MAIOR do que em partos normais, que 38 semanas de
gravidez são mais do que normais, que bebê encaixa e desencaixa, que a
ansiedade não leva a nada, que cesárea é ótima e salva vidas sim, mas quando
PRECISO.
“Mas tem gente que trabalhou até
na véspera do parto. Você já saiu do trabalho há 15 dias e nada! “
Sim, cada caso é um caso. Minha
médica conversou comigo e por causa de muitas dores que tenho sentido (NORMAIS,
dores NORMAIS), por causa de muita falta de ar, de canseira só de levantar e
sentar, entre outros motivos mais íntimos/pessoais que não relatarei, foi
melhor optar por eu estar em casa, mais de repouso, arrumando as coisas dela e
longe de olhares pelos corredores do tipo: Carol, você é doida, vai nascer aqui
no trabalho a qualquer momento (pior que fiquei tão apegada ao meu local de
trabalho nos últimos dias, que se ela nascesse lá, seria bem legal e emocionante
pra mim. Gente, vou voltar só pra deixar vocês com mais medo ainda!). E não,
não sou tão radical. Ao primeiro sinal de algum problema sério, encaro a
cesárea.
E agora, para os que sempre
perguntam “A Alice nasceu?”. Minha resposta: uai, acho que não, vocês estão
vendo ela por aí?
Eu, Carolina Pereira Marques,
optei por um parto com PRIVACIDADE, seja ele qual for. Parir, na MINHA opinião,
é algo íntimo. Como fazer filhos. Não chamei ninguém para filmar o dia em que a
Alice foi feita ou para esperar do lado de fora enquanto ela era concebida (se
bem que isso seria impossível, já que eu não que dia foi esse). Eu não quero
ninguém em janelinhas com câmeras fotográficas cheia de flashes filmando a
saída dela de dentro de mim, seja por onde for, postando fotos no Facebook. Eu
não quero ninguém, fora eu e Marco Túlio e médicos, pegando a Alice em suas
primeiras horas de vida. Egoísta? Não. Apenas respeito um bebê que mal saiu do
seu cantinho quente e seguro e respeito a mim mesma, que passou pro todo um
processo de parto e deseja calma e paz. SIMPLES. Sejam bem vindos ao meu modo
de pensar.
E então, depois que ela nascer e
nós duas nos recompormos, claro que vou querer mostrá-la para o mundo todo, vou
querer que a peguem no colo, vou ter orgulho dela, vão todos ficar sabendo! Vou
ligar, vou avisar, vou postar no Face, Instagram, no Blog e aí quero ver quem
vai aguentar tanta foto. Vou adorar receber visitas, ajudas e etc. Se eu não
quisesse compartilhar deste momento, não teriam tantas fotos da gravidez por aí
e nem este blog. O nascimento dela não é segredo, gente. Como poderia ser?
E agora me ajudem: como avisar
para pessoas tão ansiosas que ligam todo dia e perguntam se ela nasceu e que
passam na porta da minha casa só pra ver se o carro está na garagem, que eu
estou em trabalho de parto, indo para o hospital? Vão me enviar energias
positivas ou vão ficar surtando por eu preferir ficar somente com o pai da Baby
Fruta Jaca? Vão rezar por mim ou vão ficar morrendo de loucura e nervosismo com
câmeras nas mãos pela menina que não nasce logo?
Finalizo este texto/desabafo com 4
links simples para quem talvez ainda não acredite em mim e ache que não está
tudo bem:
E algumas fotos:
Olhaí eu começando a ficar inchada com um quadro do meu passado ao fundo.