Hoje, enquanto escrevo este texto (18/06/21) me encontro com 33 semanas e 3 dias, 8º mês da terceira gravidez, e ao rolar o feed do Facebook me apareceu uma lembrança de quando postei o texto "Encarar ou não uma segunda gravidez?". Ao (re) ler, senti que meu próprio texto de 6 anos atrás me ajudou um pouco com algumas questões e por isso volto para falar de mais uma gestação.
Como mencionei lá no antigo texto, não é apenas a gestação que vai trazer mudanças e dificuldades em sua vida, por isso se você sente vontade de engravidar, não vejo razão para ficar encontrando desculpas em excesso para evitar. Lembrando que para cada pessoa há um contexto, uma vida e várias prioridades.
Me lembro de uma noite em 2015, Aurora já com 2 meses, eu estava sentada no chão tão, mas tão cansada enquanto tentava brincar com Alice, que olhei para Marco Túlio e disse algo como:
- Está pior do que pensei. Se eu engravidasse agora novamente, desejaria não ter o bebê.
Ele se assustou, falou para eu não repetir. Ainda nervosa e começando a chorar, retruquei:
- É porque não é você que tem que passar por tudo. Como aguentar mais disso? Não dá nem pra julgar quem rejeita filho!
Se pudéssemos nos visitar no passado, eu me pegaria pelos braços, pediria calma, cuidado com as palavras e diria que eu não estava pensando direito, que seria pior estar daquela maneira. Como para tudo tem uma consequência, logo bateu o arrependimento por ter falado aquelas coisas e veio a dor da culpa, que durou alguns bons dias.
Às vezes, dentro de certas dificuldades, ficamos cegos, achamos que ficaremos presos naquela situação para sempre e que nada passa. E o bom da terceira gravidez é que, mais do que nunca, eu sei que tudo vai passar. Nos primeiros meses de sono, enjoo e repouso, eu consegui lidar com tudo isso de maneira mais tranquila. Por exemplo, na primeira gestação, até umas 15 semanas, eu sentia muito ódio de tudo, descontava nas pessoas, reclamava para todos. Na segunda, já aceitava melhor, mas ainda assim eu reclamava com pessoas mais próximas. Na terceira, eu me calei. Comentava de incômodos em conversas sobre gravidez, mas esperei passar.
E por que eu quis uma terceira gravidez?
Sempre, antes de engravidar, eu começo a visualizar minha vida com um novo bebê. É como se faltasse algo, mesmo eu já estando tão completa. Razão e emoção começam a entrar em conflito, vem a decisão de arriscar e geralmente o resultado positivo não demora muito.
Cada gravidez é única, mas com certeza a terceira está bem mais tranquila no sentido de viver cada etapa com calma, sem pressa e ao mesmo tempo, como se fosse a primeira gravidez, já que 2 crianças demonstram expetativas de "primeira viagem". E falando um pouco do corpo e da barriga, a barriga começou a aparecer mais cedo, cresceu rápido, ficou um tempo sem crescer e depois esticou novamente. O cansaço parece maior, assim como as dores pélvicas, que apareceram com 20 e poucas semanas, como se eu tivesse de 37.
Angústia e tristeza começaram a aparecer de repente, me tirando o sono de madrugada e o ânimo durante o dia. Fico tentando entender o que está desencadeando tudo isso, mas não encontro nada específico. É tipo o Baby Blues, só que durante a gravidez.
Vejo isso como uma fase, mais uma destas que irá ser apenas um relato.
Educar, alimentar, ver crescer. Doação, mudanças de planos, resiliência. Expectativas, dúvidas e amadurecimento. Tudo isso, para mim, é uma grande vivência e entrega. É deitar-me durante a noite e agradecer por poder desfrutar da maternidade.
E o melhor de tudo é que agora eu não tenho mais aquela sensação de que "eu não faço mais nada para mim, que sou escrava da rotina e que teoria tal é a que funciona na alimentação e no sono." Não. Engravidar pela terceira vez é saber que cada coisa tem seu tempo, que as dificuldades passarão e logo voltarão e que tudo isso faz parte de todos nós.
Se eu pudesse palpitar na sua vida, eu diria: encare sim sua terceira gravidez! Como eu finalizei no outro texto, há 6 anos, tudo passa.
Só não deixe o tempo passar tanto.