segunda-feira, 21 de junho de 2021

Encarar ou não uma TERCEIRA gravidez?

20/06/21 - 33 semanas e 5 dias.

Hoje, enquanto escrevo este texto (18/06/21) me encontro com 33 semanas e 3 dias, 8º mês da terceira gravidez, e ao rolar o feed do Facebook me apareceu uma lembrança de quando postei o texto "Encarar ou não uma segunda gravidez?". Ao (re) ler, senti que meu próprio texto de 6 anos atrás me ajudou um pouco com algumas questões e por isso volto para falar de mais uma gestação.

Como mencionei lá no antigo texto, não é apenas a gestação que vai trazer mudanças e dificuldades em sua vida, por isso se você sente vontade de engravidar, não vejo razão para ficar encontrando desculpas em excesso para evitar. Lembrando que para cada pessoa há um contexto, uma vida e várias prioridades.

Me lembro de uma noite em 2015, Aurora já com 2 meses, eu estava sentada no chão tão, mas tão cansada enquanto tentava brincar com Alice, que olhei para Marco Túlio e disse algo como:

- Está pior do que pensei. Se eu engravidasse agora novamente, desejaria não ter o bebê.

Ele se assustou, falou para eu não repetir. Ainda nervosa e começando a chorar, retruquei:

- É porque não é você que tem que passar por tudo. Como aguentar mais disso? Não dá nem pra julgar quem rejeita filho!

Se pudéssemos nos visitar no passado, eu me pegaria pelos braços, pediria calma, cuidado com as palavras e diria que eu não estava pensando direito, que seria pior estar daquela maneira. Como para tudo tem uma consequência, logo bateu o arrependimento por ter falado aquelas coisas e veio a dor da culpa, que durou alguns bons dias. 

Às vezes, dentro de certas dificuldades, ficamos cegos, achamos que ficaremos presos naquela situação para sempre e que nada passa. E o bom da terceira gravidez é que, mais do que nunca, eu sei que tudo vai passar. Nos primeiros meses de sono, enjoo e repouso, eu consegui lidar com tudo isso de maneira mais tranquila. Por exemplo, na primeira gestação, até umas 15 semanas, eu sentia muito ódio de tudo, descontava nas pessoas, reclamava para todos. Na segunda, já aceitava melhor, mas ainda assim eu reclamava com pessoas mais próximas. Na terceira, eu me calei. Comentava de incômodos em conversas sobre gravidez, mas esperei passar. 

E por que eu quis uma terceira gravidez? 

Sempre, antes de engravidar, eu começo a visualizar minha vida com um novo bebê. É como se faltasse algo, mesmo eu já estando tão completa. Razão e emoção começam a entrar em conflito, vem a decisão de arriscar e geralmente o resultado positivo não demora muito.

Cada gravidez é única, mas com certeza a terceira está bem mais tranquila no sentido de viver cada etapa com calma, sem pressa e ao mesmo tempo, como se fosse a primeira gravidez, já que 2 crianças demonstram expetativas de "primeira viagem". E falando um pouco do corpo e da barriga, a barriga começou a aparecer mais cedo, cresceu rápido, ficou um tempo sem crescer e depois esticou novamente. O cansaço parece maior, assim como as dores pélvicas, que apareceram com 20 e poucas semanas, como se eu tivesse de 37. 

Angústia e tristeza começaram a aparecer de repente, me tirando o sono de madrugada e o ânimo durante o dia. Fico tentando entender o que está desencadeando tudo isso, mas não encontro nada específico. É tipo o Baby Blues, só que durante a gravidez. 

Vejo isso como uma fase, mais uma destas que irá ser apenas um relato. 

Educar, alimentar, ver crescer. Doação, mudanças de planos, resiliência. Expectativas, dúvidas e amadurecimento. Tudo isso, para mim, é uma grande vivência e entrega. É deitar-me durante a noite e agradecer por poder desfrutar da maternidade.

E o melhor de tudo é que agora eu não tenho mais aquela sensação de que "eu não faço mais nada para mim, que sou escrava da rotina e que teoria tal é a que funciona na alimentação e no sono." Não. Engravidar pela terceira vez é saber que cada coisa tem seu tempo, que as dificuldades passarão e logo voltarão e que tudo isso faz parte de todos nós.

Se eu pudesse palpitar na sua vida, eu diria: encare sim sua terceira gravidez! Como eu finalizei no outro texto, há 6 anos, tudo passa. 

Só não deixe o tempo passar tanto.



domingo, 14 de fevereiro de 2021

A terceira gravidez

 



Mais um Baby Fruta! Uma maçã 😊

Sobre a terceira gravidez

Me lembro que quando estava grávida da Alice, a primeira, e comentava que queria ter três filhos, logo ouvia que “depois que nascer o primeiro você desiste!”. Mas não desisti.

Dar a notícia da terceira gravidez é um tanto interessante, assim como ter em mãos mais um teste positivo. No meu caso, receberam a notícia com muta alegria. Todos os avós, por exemplo, adoraram. Acredito que por termos passado por um período bem difícil e com mortes na família, a notícia de uma vida chegando não deu espaço para outro sentimento diferente de alegria.

Outros me acharam muito animada, doida. Alguns suspiraram me olharam com reprovação, com descaso do tipo “ah, ela tá grávida de novo”. Mas sabe, a cada gravidez ficamos mais maduras e a opinião alheia vai ficando insignificante.

Quando vi o positivo da Alice, sentia uma coisa tão boa e ao mesmo tempo um medo enorme! Sentia que eu tinha conseguido, que eu era capaz! E depois sentia que eu não deveria estar grávida, que deveria fazer tantas outras coisas. Aí vinha a alegria, o sentimento de poder! Em seguida o medo de ser incapaz, de perder, de dar tudo errado. Tudo ao mesmo tempo. Tudo enquanto a segunda listra aparecia.

Depois, o positivo da Aurora. Consegui de novo! Mas como? Eu já estava completa, como faria? Eu era capaz mesmo de engravidar! Alegria, medo. Alegria, medo. Mas desta vez, um pouco mais leve.

Então, o terceiro positivo. Meu Deus, é verdade, eu sabia. Mas eu deveria mesmo estar grávida? Eu estou grávida de novo! Eu consegui! Meu Deus, é a terceira gravidez mesmo? Mas como? Eu já estou completa! Eu engravidei três vezes mesmo? Eu estou grávida! Claro, eu queria!

Como eu disse, nunca escondi o quanto eu quis esta gravidez. O quanto quis todas elas. É viciante ver a segunda linha aparecendo, não sei explicar. Todas as gestações foram muito desejadas, mesmo levando um susto por acontecer rápido (apesar de que esta tenha demorado um pouco).

E o mais interessante, para mim, é que ao mesmo tempo em que parece uma primeira gravidez, é muito prático, normal, leve e rápido, porque sei que tudo passa.

No começo viram um hematoma no útero e precisei de repouso, medicação e ultrassom a cada 15 dias. Claro que logo após esta notícia me veio um desespero, porque me dei conta de que nem tudo está em minhas mãos. E por já ser mãe, sei que há uma vida em jogo, não importa se são 5 semanas ou 15, ou 25. Eu não queria perder esta vida.

Mas, tudo passa. Nem tudo está em minhas mãos e o que eu poderia fazer, dentro da minha realidade, eu faria. 

Enfim, as 12 semanas que queremos tanto que passem logo, passaram e aqui estou eu com 15 semanas e 4 dias, ficando bem redonda e com barriga de umas 20 semanas.

Agora fico com mais este presente que a vida me deu, vendo a barriga crescer, sentindo o enjoo passar e muitas vezes me pergunto se mereço, porque estou tão mais preparada, sinto cada vez menos medo e menos ansiedade.

Ainda bem que não desisti de ter minha terceira gravidez. E quer saber? Não garanto parar por aqui.

Os 3 testes (sempre guardo!)





terça-feira, 30 de maio de 2017

O que aprendi com a galinha do vizinho

Pode soar um título engraçado, mas é uma história um tanto séria e verdadeira. Enquanto eu morei em uma casa com quintal grande, cheio de árvores, tendo numa delas um enorme pé de tamarindo, as galinhas dos vizinhos pulavam pro meu quintal. Uma em especial viveu algo muito parecido com o que eu estava vivendo: conflitos na maternidade. E a vida, que não é nada boba, me deu a oportunidade de vivenciar tudo o que se passou com a danada da galinha.  Conto abaixo (as fotos são reais, feitas por mim. Clique nelas para ampliar e ver direitinho):




Era uma vez uma galinha que, em companhia do seu galo, sempre saía de seu terreiro e pulava o muro para outro quintal, onde havia um grande pé de tamarindo. Sentia-se livre e ciscava à vontade, transitando de terreiro para quintal quando bem entendia, até dar 18 horas, onde ela e o galo subiam para o pé de tamarindo para dormir.

Um dia a galinha teve 1 pintinho, chocado e nascido próximo ali, ao pé de tamarindo. Pequenino, piava alto e ciscava em companhia de sua mãe. Quando caía a chuva, a galinha o colocava debaixo da asa, assim como quando chegava às 18 horas. Algumas semanas se passaram e a galinha e o pintinho, que desde então nunca mais voltaram para o antigo terreiro, apenas ciscavam de dia e dormiam de noite. O galo nunca mais havia aparecido, a não ser para pular no pé de tamarindo quando chegava o horário.

Até que numa noite a galinha resolveu que queria dormir novamente no pé de tamarindo e pulou pra lá. O pintinho, ainda amarelinho e pequeno piou desesperadamente e bem mais alto, o que fez a galinha voltar e colocá-lo debaixo de sua asa. E assim foi durante alguns dias, quando de repente, em outra manhã o galo pula para o quintal com outra galinha.


A galinha mãe estranhou e quando o galo voltava pro terreiro com sua nova companhia, ela desesperadamente ficava em cima do muro, sem saber se ia para o terreiro ou se voltava para o pintinho que piava loucamente, decidindo sempre voltar para o filhote.

Dessa forma ia crescendo o pintinho, piando alto e sofrido vendo a mãe ficar em cima do muro.


Numa noite, a galinha mãe se esgotou de não poder mais dormir no pé de tamarindo ao lado do galo e voou para a grande árvore. Desesperado, o pintinho tentava voar, mas sempre caía. Torturada com tanta indecisão e ouvindo os insuportáveis piados do filhote, a galinha voltou e acolheu o pintinho.

Durante alguns dias isso foi acontecendo frequentemente. O galo vinha com a outra e, ao retornar para o terreiro, a galinha mãe ficava no muro sem saber o que fazer, enquanto o pintinho se desesperava. Mergulhada na agonia de não poder nunca sair daquele quintal onde só tinha o filhote de companhia, ela insistentemente ia para o pé de tamarindo e o pintinho enlouquecia dando pequenos pulinhos desesperados ao tentar voar. Pobre galinha...

O tempo foi passando e mais crescido um pouco, o pintinho conseguiu subir num pé de mamão e deste para um galho mais baixo do pé de tamarindo. Estava bem perto de chegar no alto, onde estavam sua mãe, o galo e a outra. Mas ainda era difícil, então ele preferiu voltar para o quintal e gritou até sua mãe galinha descer para perto dele.




Enfim, a galinha desistiu e passou uns dias apenas com seu pintinho. Ele cresceu mais, engordou e ambos ciscavam tranquilos enquanto o galo vinha com a nova companheira. Estavam se aceitando, até que, sem ninguém esperar, do outro lado do muro, de um outro terreiro, um galo, muito maior, que cantava muito mais alto, apareceu e ficava em seu muro observando todos silenciosamente. Uns 2 dias depois ele resolveu pular para o quintal e escolheu ficar ciscando ao lado dela: a galinha mãe.


O primeiro galo não gostou muito, mas perto no novo habitante ele era muito pequeno, então não podia fazer muita coisa ou iria apanhar e se machucar. A galinha mãe e seu pintinho agora tinham uma nova companhia que inclusive dormia no chão, junto deles.

Após uns dias em companhia do grande galo, a galinha viu o antigo e pequeno galinho voltar com mais 2 galinhas. O quintal começou a virar um novo terreiro, até que uma cadela que lá morava não aceitou tantas aves, atacando-as, e o grande galo voltou para seu terreiro.


A galinha mãe não sentiu falta do grandão e nem se importou com as 2 galinhas junto ao galinho, que tentava se mostrar ficando ao lado dela o tempo todo. Ela permanecia ciscando com o pintinho, que crescia.

De vez em quando o grandão aparecia, olhava de longe e voltava para seu terreiro. Outros dias vinham o galinho sozinho e depois mais galinhas. Todos ficavam ciscando em paz e a galinha mãe sempre no seu canto, ao lado do pintinho.

Como já era esperado, o pintinho conseguiu voar e pular o muro para o antigo terreiro da mãe. E a mãe, vendo seu filhote crescer e seguindo seu rumo, percebeu que todo aquele drama tinha chegado ao fim. Se antes ela não podia voltar pro terreiro, agora ela tinha 2 opções: seu antigo terreiro ou terreiro do galão.


Moral da história: a maternidade com certeza não é fácil, mas não deve ser vista como algo ruim, como prisão. Quando nos sentirmos presas e incapazes de fazer outras coisas é melhor aceitar, esperar e o melhor, DESFRUTAR. Um dia os filhos vão crescer e não precisarão mais de nossas asas. Para as mães, sempre, sempre tem uma amizade, uma oportunidade, um emprego ou até mesmo um novo amor que nos espera do outro lado.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Escolinha

Um dia achei que escolher e enfrentar o parto era o mais difícil.
Depois pensei que difícil mesmo era amamentação.
Ah.... nada disso!

PÕE NA ESCOLA E VEJA O QUE É A TAL DA ADAPTAÇÃO ESCOLAR, quando ela não é das melhores.


A mãe achou a escola legal, mas a filha...

terça-feira, 29 de novembro de 2016

 
Sabe, no começo não foi fácil. Aliás, ainda estou no começo, mas bem no comecinho mesmo eu achei que iria enlouquecer. 
 
Apesar de tudo, de todos os sentimentos intensos, de toda a vontade de sair correndo e de todo meu desespero de achar que um dia nunca chegaria ao fim, com a dupla Alice e Aurora eu aprendi a ser mais humilde em relação à maternidade e às pessoas. Se um dia eu achei que era o "ativismo" com pesquisas científicas e textões que me passaria boas informações, hoje eu vi que quem dá um conselho do bem mesmo são as pessoas com as quais um dia eu tanto debati. Pessoas já experientes que um dia sentiram na pele o que eu sentia.
 
E não é que eu não tenha opinião ou esteja mudando de lado porque sou fraca e agora cuspo no prato que comi. 
 
É que seguir um caminho suave, meio termo e sem radicalismo me deixou mais leve e mais feliz. O caminho de minha essência, o caminho que não me dá as costas quando eu mais preciso, porque sim, nós precisamos de ajuda. Não temos que dar conta de tudo sozinha e não precisamos sair gritando por aí o quanto nossas escolhas são melhores. Muitas vezes releio diários e textos antigos no blog e vejo o quanto eu me sacrificava sem necessidade e parece que eu tentava provar algo o tempo todo. Muita coisa boa aconteceu e segue acontecendo. Mas muita coisa foi desnecessária.

A cada dia que passa elas estão mais amigas e passam alguns minutos brincando sozinhas. E vale muito a pena eu estar mais leve,sem culpa e sem neura para poder usufruir desses momentos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

1 ano de Aurora

E ontem ela fez 1 aninho...

Ter filhos me ensinou muita coisa, mas depois dessa menininha aí ter nascido, meu amadurecimento foi enorme. Já na gravidez tive oportunidade de rever conceitos, trocar de opiniões, já que a danada da realidade materna estava dentro da minha casa. 
Então Aurora chega no amanhecer do dia 5/10 e já chegou com tudo. Quantos sentimentos, quantas confusões, quanto aprendizado!

Foi uma revolução em minha vida, mais uma adaptação. Aprendi tanto... tenho aprendido cada vez mais. Dá um livro.

Aurora é Aurora. Não dá pra explicar. Às vezes fico olhando pra ela e penso: nossa, mas como é Aurora? 
 
Ou então parece que Aurora sempre existiu e eu sempre soube como ela é.
 
Foi tão rápido... 
 
Aurora já anda por toda parte, já passou por tanta coisa, já me mostrou tanto!
Aurora é loirinha e é engraçado eu ter uma filha loirinha.
Aurora é magrinha, Aurora é esperta, espoleta. Tem uma história e tanto!
 
Aurora mudou minha vida e o rumo que eu estava seguindo. Tenho certeza que não mudou à toa e mudou para melhor, por isso me entrego novamente para a nova jornada.
 
Parabéns pra minha Aurora! É um trem bom demais ser mãe de Aurora!
 




 
 
 


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Paisagem de uma rotina


Engana-se quem pensa que ficar em casa com os filhos o dia todo tem sido minha melhor escolha.
Foi minha escolha. Respeitei minha vontade, meu instinto, meu interior e sei que fazer diferente disso é muito difícil. Mas os conflitos internos aparecem cada vez mais.

Deve ser porque exagerei. Deve ser porque estamos numa fase mais cansativa mesmo e logo passa.
Mas desde que resolvi não voltar para o trabalho após minha licença-maternidade, dias de muita gratidão e desespero dividem minha vida.

Sem dúvida nenhuma minha entrega e dedicação à maternidade me fizeram muito bem. Como pessoa eu melhorei muito. É um sonho realizado, é fazer aquilo que eu sempre quis. É aprender a deixar de ser egoísta, é abrir mão de muitas coisas pelo outro.

Abrir mão de muitas coisas pelas minhas filhas me ajudou a ser mais prestativa com o próximo, ser mais paciente.

Vê-las crescendo e aprendendo coisas graças a mim é o melhor disso tudo. Ver Alice brincando e guardando seus brinquedos, pegando meus sapatos e depois guardando porque eu ensinei. Ver coisinhas simples como primeiro passo, desmame natural, palavras, sons. Poder acordar com elas, dormir com elas todos os dias. Cozinhar, plantar, correr. Lavar roupas e tê-las do lado lavando também com suas bacias é um presente. Fotografar, ser fotografada e elas ali perto. Poder ter esses momentos não tem preço. Mas... mas de vez em quando a coisa desanda.

Quando uma mãe sai para trabalhar e deixa seus filhos aos cuidados de outros, pode ser que ela saia feliz ou com o coração partido. Pode ser que ela saia tranquila e segura de que ainda assim não perderá os melhores momentos. Pode ser que ela leve junto na bolsa a culpa e pense que poderia largar tudo. Não importa a escolha de uma mãe, em um momento tudo vai desandar.

Eu tenho buscado um equilíbrio entre escolhas. Uma forma de trabalhar sem deixá-las por muito tempo. Sabe por quê? Porque eu vi que extremos não ajudam em nada. E chegaram os dias em que de nada vale eu ficar com elas o dia todo, se eu passo o dia todo infeliz, cansada e estressada. Porque eu vi que de nada tem adiantado deixar elas guiarem uma rotina se eu mal consigo conversar com o pai delas aqui dentro de casa. Fácil entender porque um relacionamento pode acabar por causa dos filhos. A paciência, a cumplicidade e a sintonia do casal precisam ser fortes.

Acordar, tentar estudar, contar com a sorte delas não acordarem antes das 9, de não ter xixi e cocô no chão, de não ter que ficar de pijama e sem escovar dentes até 13hs ou até o pai chegar do trabalho está me esgotando. Elas não têm culpa e é nelas onde mais desconto minhas frustrações e isso não vale a pena. É preciso entrega e aceitação, coisas que eu já não consigo mais ter porque eu preciso de ser alguém além de mãe. E quando tento, tem um grito, um chamado, um tombo. Sinto que preciso dar uma saída de cena. De dizer que vou sair e já volto. E sair sem medo.

Como sair sem medo? Aos poucos, muito aos poucos tenho conseguido. Ainda preciso de muita força de vontade para mudar essa rotina que me engoliu, que me cobriu. Essa rotina que me tira quilos e mais quilos na balança, que me traz gritos, lágrimas e me deixa perdida.

Que um dia eu possa olhar para trás e pensar: ufa, passou, consegui.