quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Vivendo o "não sucesso"

Esses dias eu estava passando roupa e vi que eu estava feliz.

Como poderia eu, Carolina, estar feliz passando roupa e trocando fraldas? Antes, felicidade era ter uma carreira de sucesso (qual carreira eu queria, afinal?), dinheiro (que tanto de dinheiro na conta, afinal?), e liberdade em me relacionar sem compromisso sério com os homens desta vida (Marco Túlio, ainda temos que rever essa parte hahahahaha BRINCADEIRAAAAAAAAAAA#sopradescontrair #naomedeixe #seueupossovocepode #masagoranao #monogamiamodeon).

E essa tal da felicidade chique bem sucedida profissionalmente me atormentou - e ainda atormenta - durante muitos anos da minha vida, afinal, eu ouvia sempre de minha família (principalmente das mulheres) que eu nunca deveria depender de marido, que eu precisava ter meu dinheiro, etc. Mas, como já comentei aqui várias vezes, a profissão, ser mulher moderna com terninho e braços cruzados em capa de revista, nunca me trouxe a satisfação pessoal/profissional que tanto propagavam.

Sou feliz, inteligente e tenho meu big salário.


Ainda grávida, na reta final, comentei com minha vó e uma tia que eu não sabia se iria conseguir voltar ao trabalho após o fim da licença. Elas ficaram horrorizadas, disseram para eu não fazer isso, porque depois eu iria me arrepender e ficar "velha", que seria difícil arrumar um emprego novamente.

E me lembro bem do medo que eu estava em contar para meu chefe da gravidez. Tinha receio dele achar ruim, programar uma demissão pra depois de um tempo, ficar inconformado com eu passando mal e perdendo alguns dias de serviço pra vomitar.

Me lembro bem também de ficar louca pensando em babá ou creche porque eu, uma mulher super ativa, jamais conseguiria ficar em casa "cuidando de menino" o dia todo e logo precisaria voltar a trabalhar para refrescar minha cabeça.

Sabe qual a verdade?
A verdade é que esse "não sucesso" de ficar em casa limpando catarro de menino o dia todo, com barriga no fogão, na pia e ferro de passar roupas na mão é um dos serviços MAIS IMPORTANTES que eu já vi na vida. E hoje, com tantas lutas feministas por aí, esse serviço de dona de casa foi colocado como ruim e sem futuro. Ele foi esquecido. Percebo que a luta por direitos iguais acabou desvalorizando o papel da mulher em casa. É bem mais chique você dar mamadeira, ter babá, emprego e horário na academia do que botar peito pra fora, botar menino no peito e conviver com barriga molenga pós-parto.
(atenção mães que dão mamadeira, isso é apenas um exemplo, pois sei muito bem que muitas não conseguiram amamentar e passaram madrugadas preparando mamadeiras infinitas, o que também é uma grande dedicação)

Sabe qual outra verdade?
Meu chefe sorriu e me desejou parabéns quando eu disse que estava grávida. Entendeu minhas faltas e nunca me criticou por elas. Minha vó e minha tia, vendo a Alice crescer, se esqueceram do mercado de trabalho e pararam de me perguntar quando é que eu iria voltar a trabalhar. As lutas feministas, sem radicalismo, por direitos de escolha, incluindo escolher ficar em casa praticando maternidade e cozinha, me trouxeram um abraço e força pra continuar.

Mais outra verdade verdadeira.
Não é fácil, pois toda escolha traz uma consequência. Mas ficar das 8 às 18 trabalhando fora também não é fácil. Nada é fácil. Então depende da gente, da nossa sanidade e do apoio dos nossos queridos familiares sermos felizes com nossas escolhas.
Aqui em casa, o Marco Túlio também limpa catarro, troca fraldas, lava roupa ou trás comida de fora quando eu não dou conta. E me ajuda com algum serviço que pego pra fazer em casa. Se não fosse isso, eu não sei se estaria feliz.

É que somos uma família e ser família é isso. Juntos, buscamos nosso equilíbrio. Juntos, sabemos o valor de cuidar de um lar, o valor de uma dona de casa, de uma criança que cresce debaixo de nossas asas.

E pra finalizar, a última verdade.
Muitas vezes sinto saudade, grandes saudades de trabalhar fora, ter aquela outra rotina onde eu conversava com as amigas no café, falava de vários assuntos, atendia os clientes, via gente diferente todo dia. Muitas vezes sinto grandes saudades do meu salário, de sair para fazer compras, de saber quanto iria cair na minha conta, de ter minha autonomia financeira tranquilamente.

Porém, eu sei que vai passar. Eu sei que não vou ficar "velha" sem emprego e que ainda poderei voltar ao mercado, se as contas apertarem e for preciso. Aprendi um desapego de coisas materiais que nunca imaginei. Amadureci e cresci muito. 

Sem terninho e sem big salário. E-sem-catarro. :P


Eu perdi o medo de arriscar. Perdi inseguranças. Vi que a vida é longa, mesmo que acabe amanhã, que nunca é tarde, sabe? Há sempre um recomeço. Assumi que sou feliz assim, nessa minha fase atual. Quebrei muitos preconceitos do tipo "cozinhar pra marido? Jamais!".

O meu egoísmo diminui a cada dia. O que queremos levar dessa vida? Há tanto pela frente.
O bem material, o dinheiro, são ótimas coisas. Sei que na hora certa voltarei a tê-los como antes, ou até mais, ou até menos, quem sabe? Mas não são mais finalidades e objetivos de vida como antes. 

Deixo aqui para vocês esse antigo vídeo, que desde seu lançamento mexe comigo. Ele diz tudo e sempre me abraça para continuar seguindo:

6 comentários:

  1. Ai amiga o que dizer? PARABÉNS pelo seu "insucesso"... rs
    Eu tb tenho me sentido muito "fracassada" ultimamente (ou desde que Davi nasceu) e estou adorando esta sensação!!!! :)
    Te entendo perfeitamente... E pretendo viver esta minha fase de "não sucesso" por um bom tempo ainda...rs

    * Me sentindo tb abraçada aqui por este vídeo. Maravilhoso!!!

    Ah, acabei de ver seu comentário no meu último post... Vou te chamar no face pra te responder, ta?

    bjãoooo,
    http://meupequenoreidavi.blogspot.com.br/

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  2. Eu to muito feliz por estar grávida e por saber que daqui 6 meses estarei cuidando da minha casinha e do meu bebê. Eu nasci pra ser Amélia!! hahaha. Odeio trabalhar fora e odeio chegar em casa e encontrar a casa de pernas pra cima por falta de tempo pra arrumar!
    Acho que nada nesse mundo me trará mais alegrias do que ser mãe em tempo integral, com certeza não é fácil, na verdade nada é, mas é isso que quero pra mim e já deixei bem claro pra todo mundo se quiserem me achar a mulher dos anos 80 por mim to nem ai.
    Quero mais que tudo cuidar do meu bebê, da minha casinha,esperar o marido chegar do trabalho...bem como antigamente.
    Minha mãe cuidou integralmente dos filhos por um bom tempo e agora que ela está terminando a faculdade dela, vai se formar agora fim de ano. Acha que é velha o bastante para isso? Pra mim ela é o meu exemplo. fez o seu papel de mãe um bom tempo e depois dos filhos já criados é que ela foi correr atrás dos seus sonhos. Isso pra mim foi impagavel, ter ela ali o tempo todo e eu quero isso para os meus filhos.

    Beijos e amei muito o post.

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  3. Ai, CArol!! hahaa como te entendo! Eu escolhi sair do meu emprego, numa puta empresa e que pagava puta bem, pra encarar morar nos eua com o marido e ficar com o Thomas. Na hora deu aquele medo de estar ou fazendo o certo, mas no fim, estou super feliz da vida aqui, limpando coco e dando uma de amelia, muito embora minhas unhas estejam quebrando mais por causa de faxina! hahahahahhaha
    Estou trabalhando meio periodo e em casa, no mesmo lugar q marido, mas assim, eh super dificil, pq o thomas exige atencao all the time e ele eh a prioridade!
    Se vou sentir falta da minha vida antiga, dos horarios 8-17hs e pagamento gordo no fim do mes? so o tempo vai dizer. Tenho medo de nao conseguir voltar ao mercado, por causa da idade e tal...
    Por enquanto, minha vida esta perfeita!
    Bjsssssssssssss
    Amei seu desabafo!
    CArol
    www.meuparasita.com

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  4. Que bom ler isso, Carol! Eu confesso que às vezes me pego amarga remoendo a fato de ter abandonado meu mestrado, mas foi uma opção. Não deu, não era pra esse momento. Há momento pra tudo. Tô bem assim.

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  5. Carol! Quanta saudade da blogosfera, ainda me atualizando.
    Tenho pensado muito nisso nos últimos dias, ainda grávida comecei a surtar por passar tanto tempo em casa. Logo eu, que me imaginava cercada de pitocos em casa.
    Ainda estou formulando o futuro próximo, tudo ainda é muito novo, mas confesso que não me vejo sem essa vida fora de casa, e isso tem me servido para compreender outras mães. Não existe fórmula mágica, mas aquilo que se adapta a cada família.
    E que possamos nos sentir completas com nossas escolhas e repensá~las sempre que for preciso.
    Salvei o vídeo nos favoritos. ;)
    Beijos

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  6. Fiz a mesma escolha há cerca de dois anos atrás. E digo idem, idem, idem!

    http://bebesemfirulas.blogspot.com.br/

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