sexta-feira, 22 de maio de 2015

Pertubação na Amamentação O DESFECHO

Depois do meu relato da Pertubação na Amamentação, várias mães em grupos que participo, por mensagem no Facebook, pessoalmente e aqui nos comentários me disseram ter passado por isso. Incrível como falamos pouco, seja por vergonha ou medo dos julgamentos, sobre a parte ruim das coisas lindas da maternidade. 

Vemos mais depoimentos de sucesso do que de "fracasso". Mas quando alguém resolve falar, a mais ativista índia que defende a amamentação até 10 anos aparece dizendo que também não conseguiu.

Eu achei MUUIITO bom ler tudo que me escreveram. Nossa, não me senti mais um monstro, me senti normal. E me ajudou também a ter calma e pensar "vai passar".

E passou.

Passou muito rápido. Poucos dias depois da postagem do texto, passou. 

Com os depoimentos das mães que superaram, eu me espelhei e deixei ainda Alice vir mamar. Mas eu falava: vai ser bem rapidinho, viu? Quando o ódio vinha surgindo eu fechava os olhos, ou olhava bem pra ela e pensava que logo não iria sentir aquilo. E logo ela largava o peito e ia correr ou fazer outra coisa. E assim foi indo, até que ela mesma pegava o peito, achava estranho e largava rapidamente. E então ela não pediu mais. Me vê sem blusa, sem sutiã, deita perto dos seios e nada de querer mamar, de sentir tentação, de regredir, nada disso. Se aconchega e fim. 

Parecia que não ia ter fim meu sofrimento, mas não é que teve?

Obrigada a todas vocês!!! Depois de conflitos que eu não conhecia, vivenciei um desmame mais calmo e tranquilo

Obrigada mesmo!

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Pertubação na Amamentação: relato

Postagem grande e sem fotos, porque tem sido difícil:

Eu tinha na cabeça uma postagem bem legal sobre o andamento da gravidez e a amamentação da Alice.  Mas, como dizem, a vida é uma caixinha de surpresas e de repente a parte legal se foi.

Assim que descobri que estava grávida novamente, foi aquela mesma emoção. A gente já estava com o desejo aparecendo e logo apareceu a gravidez. No geral, todos ficaram bem felizes e como previsto, a dúvida dos outros em relação à amamentação surgiu e eu passei uns 30 dias DIRETO falando que estava tudo bem e que não tinha problema. Sucesso. Segui me preparando para amamentar toda a gravidez e amamentar dois após o nascimento do neném.

Gravidez indo e percebo uma mudança na produção do leite: começou a diminuir. Logo corri em busca de relatos e vi que algumas mães paravam de amamentar por causa da sensibilidade dos mamilos, o que causa muita dor, ou porque os bebês mais velhos simplesmente enjoavam do leite. Resolvi conversar com uma mãe por mensagem e ela me disse que o leite secou praticamente de um dia para o outro, então ela e a filha sofreram muito com a mudança brusca.

Como meu leite estava diminuindo aos poucos, depois de ficar desesperada e analisando se eu já dava outro leite em mamadeira, se eu dava chupeta (olha eu delirando com chupeta de novo), vi que nada disso era necessário e resolvi prevenir ficando durante uns 3 meses oferecendo água para Alice antes do peito, tanto de dia, quanto de madrugada.

Até que Alice foi largando o peito sozinha, por conta própria. Chegava de madrugada, dava goles de água, mamava um pouquinho e voltava a dormir. Passou a acordar umas 2 vezes no máximo e de repente só um toque com um balanço de leve nas costas a fazia dormir. E ela parou de mamar de madrugada. Durante o dia, só pedia o mamá antes do cochilo. E depois antes de dormir de noite. Raramente tinha umas sugadas no fim da tarde. E ela foi parando de mamar naturalmente.

Eu fiquei feliz! Todos os relatos de desmame natural e sem sofrimento que eu li eram verdade então! Não precisei deixar chorar, entregar pro pai. O que eu menos queria, que era vê-la gritando e eu recusando, não havia acontecido. Fiquei tão orgulhosa da minha conquista. Parabéns pra mim.

Até que.

Até que coincidentemente perto do início da Semana das Mães, onde tantos vídeos nos emocionam no Facebook, onde nossas amigas que têm filhos em escolinhas recebem presentes, onde a maternidade é a melhor coisa da vida a Alice resolveu que tem que mamar muito. Nisso, o tal dos "Terríveis 2", fase de birras e tal, apareceu com FORÇA. Ela já vinha mostrando um certo nervosismo em poucas situações, mas de repente passou a ser em quase todas as situações, do momento em que acorda até o momento em que acorda de novo. Ok, a gente dá mamá pra ajudar a acalmar.

Ok? Quando vi, leite zerado. Ah, mas o amor fala mais alto e muitas mães amamentam com o seio vazio até o nascimento do segundo bebê. Lindo. Minha cara, afinal, eu mais que ninguém luto pelo sucesso de todas na amamentação e desmame natural. Só que eu comecei a ODIAR, sim ODIAR a amamentar. Que isso? Essa não sou eu! Larga meu peito! Larga! Que saco, o que tá acontecendo???? QUE PORCARIA! Chorei, quis bater na Alice, agredi-la. A cada pedido de mamá, um desespero. ME LARGA, ME LARGA!!! Meu Deus, que sou eu????? EU nunca mais quero amamentar na minha vida. NUNCA MAIS!

O terror chegou. Gritos, birras. Não tenho mais pra onde correr. Tudo que eu menos queria começou a acontecer. Alice pegava o peito e eu via o rosto de todas as pessoas que ficavam falando que eu devia desmamar. Via todo mundo me julgando e falando "viu, vai tentar ser perfeita, devia ter desmamado há muito tempo" "você está fracassando nessa idealização de que amamentar é natural".

Fui analisar e vi que já tinha umas semanas que eu começava a pinicar durante a amamentação, para fazê-la dormir. Estava me sentindo escrava. O sentimento ruim queria dar as caras, mas logo passava. Eu ainda curtia o aconchego, o encaixe dela no meu colo então tava tudo certo. Ela foi largando naturalmente e estávamos numa rotina perfeita. Quando de repente tudo mudou.

A culpa pesava a cada vez que ela dormia e eu passava horas chorando e me sentindo um monstro. Sou um monstro por querer jogar Alice na parede quando a coloco no peito? Sim. Deixava ela chorando, gritando e gritava de volta.

Me lembrei que um dia li algo sobre mães que passam por um momento ruim ao amamentar e fui pesquisar: PERTUBAÇÃO NA AMAMENTAÇÃO. Finalmente achei tudo que eu estava passando e que muitas mães passam, mas poucas revelam. Resolvi expor essa crise aqui porque essa pertubação pode acontecer não necessariamente com grávidas e talvez esse meu relato possa ajudar outras mães. Ao ler os relatos e ver que não estou virando monstro, mas passando por uma fase difícil que pode acabar, tenho conseguido, desde ontem, deixar Alice mamar um pouquinho e não me irritar. Ainda é muito difícil, mas depois de ontem de madrugada, onde ela gritou MUITO com o pai tentando acalmá-la e nada resolvia, eu não quero essa sena de novo aqui. Não sei o que vou fazer, pois estou numa situação complicada, mas não posso vê-a gritando mais.

Por que ela, que estava desmamando sozinha e lindamente resolveu ter necessidade do peito outra vez? Por que eu, que amava amamentar, passei a ter essa pertubação? Eu não sei. Sei que tudo que existe nessa maternidade passa por aqui: dor do trabalho de parto, dor da cesárea, baby blues, TODOS os picos de crescimento existentes, TODOS os sintomas de gravidez existentes, desmame com sucesso, desmame com sofrimento, TUDO, TUDO passa por aqui. Ô vida!

Algumas soluções pra essa questão da Pertubação na Amamentação: descansar, comer bem, ter um tempo para si mesma, deixar a criança com alguém sem culpa, para você poder relaxar, principalmente se estiver grávida. Realmente eu não tenho descansado nem tirado nenhunzinho tempo para mim. Não tenho feito muita coisa por mim, a não ser arrumar casa, cozinha, casa, cozinha, casa, cozinha, coisas que eu amo fazer, mas acho que estou exagerando.

Eu espero muito que isso passe. Eu já estou quase no limite. Estou analisando com marido as soluções, estou meio perdida, não sei o que fazer. Sentimento de fracasso, de culpa, toda hora vem um.

E deixo aqui mais um relato de maternidade real e um aprendizado para mim mesma: não confie em mães de sucesso no Facebook e não crie expectativas com elas. Há sempre uma dificuldade escondida e cada mãe tem sua história.

Depois conto o que tem virado essa minha nova fase da maternidade.