quinta-feira, 17 de julho de 2014

Mãe e filho: uma ligação mais forte do que pensamos

Eles são nosso reflexo. Somos o reflexo deles. Uma bola de neve.
Ausência, cansaço, doença. A mãe cai de cama para não ver seu filho doente.
O filho cai de cama ao ver sua mãe ausente. Doces. Doces servem para acolher. Doces substituem o contato. Mais balinha, mais balinha, mais balinha. Nunca é o suficiente.
Mistura de situações. Um lar para arrumar. Um filho para olhar. Um marido a trabalhar. A mãe que trabalha fora, o filho que aprende com outros, com a TV. O filho adoece e a mãe fica em prantos.
Alguém, por favor, abrace esta mãe?
Tudo é uma bagunça, a pobre mulher já não sabe mais por onde começar. Cozinhar, lavar, passar?
Então o bebê vira o reflexo do desespero. Alguém abrace esta mãe e lhe faça companhia, por favor.
Uma bola de neve.

Ela se sente sozinha, resolve mil problemas por telefone, na frente de um computador. Uma mensagem no celular diz que a filha arde em febre. Tosse. Nariz escorrendo. A filha pede pela mãe. A mãe pede pela filha.
O bebê grita. O bebê morde. A criança cai de cama.

Sintonia. Desespero. Tempo.
É preciso um tempo. É preciso oportunidade para colocar tudo no lugar.
Desligue. Desligue o computador. Desligue a televisão.
O bebê quer se conectar. O serviço doméstico não tem fim. É mais difícil do que imaginado. Solidão.
Solidão da mãe, desespero do bebê. Nariz escorrendo.

A mãe que falar, talvez gritar. O filho tem a garganta inflamada.
A mãe quer ser livre, a mãe quer suspirar. O filho tem pulmões chiando.
A mãe quer que alguém a ouça, a acolha, a veja. A criança está com dor de ouvido.

A ligação é forte, mais do que podemos imaginar.
São tantas cobranças. Mães se cobram tanto.
Mães precisam de outras mães. Precisam de aconchego, assim como sua cria.
Um carinho. Uma ajuda. Um tempo. Uma pausa.
Tudo parece bem, mas nem tudo está tão bem.

A mãe esconde, às vezes de si mesma, mas o filho põe pra fora.
O corpo fala. Mãe e filho são um só. Forte ligação. Conexão.
Bola de neve. Mãe perde forças, o bebê a acolhe com um sorriso.
Mãe perde forças, a cria mostra que é preciso pausa e adoece.
Bola de neve. Tudo se acumula.

Que todas as mães tenham ao lado um companheiro para abraçá-la.
Uma mãe para acalmá-la.
Uma amiga para escutá-la.

Que todas as mães consigam apoio para ganharem forças. E que busquem este apoio. Que não se entregue ao declínio. Que mude o que atrapalha. Que tenha coragem.

Uma mãe amparada, um filho que sorri sem dor.

Imagem daqui. Seja como for nossa situação, nossa realidade, nosso modo de ser,
somos mães e todas merecemos condições respeitosas para conseguirmos nos doar com sanidade
e equilíbrio. Se não encontramos apoio, nem respeito, cabe apenas a nós mesmas, mais ninguém, mudar
a situação. Força para todas nós!





quarta-feira, 2 de julho de 2014

Para Alice

Alice,
hoje, quarta, dia 2/7, você completa 10 meses. Daqui 2 meses tenho uma neném de 1 ano em casa.
No último domingo o vizinho escutava uma música muito ruim, aí seu pai disse para colocarmos outra música no nosso som para abafar a do vizinho. Escolhi um CD bem velho, dos meus 17 anos, com músicas que eu só acho legal porque era legal na época. Como de costume, te peguei no colo para dançar. Você adora quando a gente dança com você.

E enquanto eu dançava e cantava me lembrei daquela minha época adolescente onde meus "grandes" problemas, que pareciam super difíceis mesmo, eram aceitar o namorado que parecia gostar mais de vídeo-game do que de mim, qual faculdade fazer, ter ou não um relacionamento sério e alguns outros grandes problemas desse tipo.

Eu te vi sacudindo o bracinho toda feliz e ofegante e me dei conta de que um dia esses "grandes" problemas farão parte de sua vida. Então, quando chegar sua vez de enfrentar um fim de namoro, um vermelho no boletim, uma indecisão sobre a vida profissional, falta de dinheiro e até mesmo uma gravidez escapulida, quero que você saiba que você é mais forte do que imagina.

Alice, você está no início de sua vida e já tem coragem de engatinhar no escuro, sem ninguém perto. Já tem ousadia de querer comer sozinha, com a mão e com a colher! Fica em pé e fica na ponta do pé até alcançar o mais alto que deseja. Até cair você sabe. E levanta como se nada tivesse acontecido. Caiu da cama, chorou, mamou, enxugou as lágrimas e desejou, em seguida, voltar pro chão pra começar tudo de novo. Arrota que é uma beleza, sem ajuda, sem tapinha nas costas e, acredite, essa é uma grande conquista, pois teve tempo que passávamos um tempão tentando te fazer arrotar. Pode parecer bobo, mas não é. Essas conquistas são enormes para um ser humano aprendendo a viver.

Imagine o quanto deve ser difícil assobiar. Você consegue. Nesses últimos dias, você tem tirado os sapatos dos pés e lutado para colocá-los. Quer porque quer calçar sapatos e fica brava porque não consegue. É capaz de absorver tudo em sua volta e começa a nos imitar na maior naturalidade.

Isso é muito! É tanto que eu me entrego cada vez mais para conseguir te dar todo o suporte necessário para te ver conseguir crescer sem neuras. Sem preconceitos. Sem ficar ouvindo "não" o dia inteiro.
Quando você achar que não é capaz e que não vai dar conta, leia aqui e veja o quanto é ousada e corajosa. É curiosa! É comunicativa, de falar "ou, ou" para as pessoas te olharem. De esperar um sorriso e um afago de qualquer desconhecido. Esses dias você foi para o colo de uma vendedora que nunca viu na vida, e a abraçou amorosamente como nunca abraçou ninguém, nem eu, tem base?

E acompanhando isso tudo, perco medos, perco neuras - que não são poucas-, perco vergonha, porque eu vejo que um dia também venci tudo isso que você vence a cada minuto. A cada segundo vou ganhando um pouquinho de coragem para qualquer coisa dessa vida, porque você traz isso pra gente.

Parabéns pelos seus 10 meses de conquistas GRANDES para um bebê que só quer saber de viver.
Nunca se sinta fraca ou incapaz.
Sempre que precisar, estarei aqui.
Um beijo da sua mãe.

P.S.: Como chata que sou, a bolachinha ao fundo não é consumida pela Alice hahahaha