sexta-feira, 8 de maio de 2015

Pertubação na Amamentação: relato

Postagem grande e sem fotos, porque tem sido difícil:

Eu tinha na cabeça uma postagem bem legal sobre o andamento da gravidez e a amamentação da Alice.  Mas, como dizem, a vida é uma caixinha de surpresas e de repente a parte legal se foi.

Assim que descobri que estava grávida novamente, foi aquela mesma emoção. A gente já estava com o desejo aparecendo e logo apareceu a gravidez. No geral, todos ficaram bem felizes e como previsto, a dúvida dos outros em relação à amamentação surgiu e eu passei uns 30 dias DIRETO falando que estava tudo bem e que não tinha problema. Sucesso. Segui me preparando para amamentar toda a gravidez e amamentar dois após o nascimento do neném.

Gravidez indo e percebo uma mudança na produção do leite: começou a diminuir. Logo corri em busca de relatos e vi que algumas mães paravam de amamentar por causa da sensibilidade dos mamilos, o que causa muita dor, ou porque os bebês mais velhos simplesmente enjoavam do leite. Resolvi conversar com uma mãe por mensagem e ela me disse que o leite secou praticamente de um dia para o outro, então ela e a filha sofreram muito com a mudança brusca.

Como meu leite estava diminuindo aos poucos, depois de ficar desesperada e analisando se eu já dava outro leite em mamadeira, se eu dava chupeta (olha eu delirando com chupeta de novo), vi que nada disso era necessário e resolvi prevenir ficando durante uns 3 meses oferecendo água para Alice antes do peito, tanto de dia, quanto de madrugada.

Até que Alice foi largando o peito sozinha, por conta própria. Chegava de madrugada, dava goles de água, mamava um pouquinho e voltava a dormir. Passou a acordar umas 2 vezes no máximo e de repente só um toque com um balanço de leve nas costas a fazia dormir. E ela parou de mamar de madrugada. Durante o dia, só pedia o mamá antes do cochilo. E depois antes de dormir de noite. Raramente tinha umas sugadas no fim da tarde. E ela foi parando de mamar naturalmente.

Eu fiquei feliz! Todos os relatos de desmame natural e sem sofrimento que eu li eram verdade então! Não precisei deixar chorar, entregar pro pai. O que eu menos queria, que era vê-la gritando e eu recusando, não havia acontecido. Fiquei tão orgulhosa da minha conquista. Parabéns pra mim.

Até que.

Até que coincidentemente perto do início da Semana das Mães, onde tantos vídeos nos emocionam no Facebook, onde nossas amigas que têm filhos em escolinhas recebem presentes, onde a maternidade é a melhor coisa da vida a Alice resolveu que tem que mamar muito. Nisso, o tal dos "Terríveis 2", fase de birras e tal, apareceu com FORÇA. Ela já vinha mostrando um certo nervosismo em poucas situações, mas de repente passou a ser em quase todas as situações, do momento em que acorda até o momento em que acorda de novo. Ok, a gente dá mamá pra ajudar a acalmar.

Ok? Quando vi, leite zerado. Ah, mas o amor fala mais alto e muitas mães amamentam com o seio vazio até o nascimento do segundo bebê. Lindo. Minha cara, afinal, eu mais que ninguém luto pelo sucesso de todas na amamentação e desmame natural. Só que eu comecei a ODIAR, sim ODIAR a amamentar. Que isso? Essa não sou eu! Larga meu peito! Larga! Que saco, o que tá acontecendo???? QUE PORCARIA! Chorei, quis bater na Alice, agredi-la. A cada pedido de mamá, um desespero. ME LARGA, ME LARGA!!! Meu Deus, que sou eu????? EU nunca mais quero amamentar na minha vida. NUNCA MAIS!

O terror chegou. Gritos, birras. Não tenho mais pra onde correr. Tudo que eu menos queria começou a acontecer. Alice pegava o peito e eu via o rosto de todas as pessoas que ficavam falando que eu devia desmamar. Via todo mundo me julgando e falando "viu, vai tentar ser perfeita, devia ter desmamado há muito tempo" "você está fracassando nessa idealização de que amamentar é natural".

Fui analisar e vi que já tinha umas semanas que eu começava a pinicar durante a amamentação, para fazê-la dormir. Estava me sentindo escrava. O sentimento ruim queria dar as caras, mas logo passava. Eu ainda curtia o aconchego, o encaixe dela no meu colo então tava tudo certo. Ela foi largando naturalmente e estávamos numa rotina perfeita. Quando de repente tudo mudou.

A culpa pesava a cada vez que ela dormia e eu passava horas chorando e me sentindo um monstro. Sou um monstro por querer jogar Alice na parede quando a coloco no peito? Sim. Deixava ela chorando, gritando e gritava de volta.

Me lembrei que um dia li algo sobre mães que passam por um momento ruim ao amamentar e fui pesquisar: PERTUBAÇÃO NA AMAMENTAÇÃO. Finalmente achei tudo que eu estava passando e que muitas mães passam, mas poucas revelam. Resolvi expor essa crise aqui porque essa pertubação pode acontecer não necessariamente com grávidas e talvez esse meu relato possa ajudar outras mães. Ao ler os relatos e ver que não estou virando monstro, mas passando por uma fase difícil que pode acabar, tenho conseguido, desde ontem, deixar Alice mamar um pouquinho e não me irritar. Ainda é muito difícil, mas depois de ontem de madrugada, onde ela gritou MUITO com o pai tentando acalmá-la e nada resolvia, eu não quero essa sena de novo aqui. Não sei o que vou fazer, pois estou numa situação complicada, mas não posso vê-a gritando mais.

Por que ela, que estava desmamando sozinha e lindamente resolveu ter necessidade do peito outra vez? Por que eu, que amava amamentar, passei a ter essa pertubação? Eu não sei. Sei que tudo que existe nessa maternidade passa por aqui: dor do trabalho de parto, dor da cesárea, baby blues, TODOS os picos de crescimento existentes, TODOS os sintomas de gravidez existentes, desmame com sucesso, desmame com sofrimento, TUDO, TUDO passa por aqui. Ô vida!

Algumas soluções pra essa questão da Pertubação na Amamentação: descansar, comer bem, ter um tempo para si mesma, deixar a criança com alguém sem culpa, para você poder relaxar, principalmente se estiver grávida. Realmente eu não tenho descansado nem tirado nenhunzinho tempo para mim. Não tenho feito muita coisa por mim, a não ser arrumar casa, cozinha, casa, cozinha, casa, cozinha, coisas que eu amo fazer, mas acho que estou exagerando.

Eu espero muito que isso passe. Eu já estou quase no limite. Estou analisando com marido as soluções, estou meio perdida, não sei o que fazer. Sentimento de fracasso, de culpa, toda hora vem um.

E deixo aqui mais um relato de maternidade real e um aprendizado para mim mesma: não confie em mães de sucesso no Facebook e não crie expectativas com elas. Há sempre uma dificuldade escondida e cada mãe tem sua história.

Depois conto o que tem virado essa minha nova fase da maternidade.

7 comentários:

  1. Carol, sei exatamente oq vc esta sentindo. Quando desmamei meu filho foi por eu estar assim.
    Foi traumatico, foi horrivel, mas eu sentia raiva de amamentar. Hj me lembro com muita culpa a ultima mamada dele.
    Nao sei oq falar pra vc se sentir melhor, pq estou gravida tb e tenho mto medo de nao conseguir amamentar, de sentir as mesmas coisas.
    Eu me sentia louca, mas depois q parei tudo melhorou.
    Se teu desejo eh continuar, fique firme, se ver q nao da mais (como foi meu caso) nao eh vergonha nenhuma desistir.
    Qualquer coisa, se quiser conversar, to aqui. No meu blog tem o link do meu face.
    Boa sorte.

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  2. Muito obrigada por compartilhar esse relato tão real da maternidade! Sou leitora assídua do seu blog e nele sempre encontro encorajamento (tenho uma bb que recém completou 7 meses), pois decidir ficar em casa com ela e não tem sido nem um pouco fácil. Muito obrigada mesmo! Desejo q essa fase passe e q vc possa curtir os seus dois babies frutas.

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  3. Carol, eu imagino que com você as emoções devem estar ainda mais à flor da pele por estar grávida. Mas aqui aconteceu algo parecido. Abeille ficou 6 dias sem mamar, num acordo amistoso entre mãe e filha e de repente a coisa desandou, sabe-se lá porque. Eu já vinha com uma certa vontade de parar a amamentação, mas agora simplesmente não curto mais. É isso mesmo, tenho vontade de bater. Mas aí, venho me lembrando das palavras da minha irmã. Você já teve cachorro? Já viu que chega um momento, quando os filhotes querem mamar e a mãe dá uma rosnada. Ela simplesmente não suporta mais. Esta rosnada às vezes machuca mesmo, eles chegam a ganir. Mas é a relação natural mamãe/filhotes. Isso não resolveu o dramalhão aqui, mas me ajudou a me entender melhor, a aceitar a ruptura, as "mordidas" na cria, a diminuir a sensação de culpa por ser a responsável por este rompimento.
    Beijos

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  4. Carol, em primeiro lugar quero me desculpar porque no seu ultimo post eu perguntei como ia a amamentação. Eu perguntei porque eu sou uma defensora da amamentação em livre demanda até 2 anos ou até mais, assim como você. E como eu acho que encomendaremos um@ segundinh@ mais ou menos em breve, tenho muito interesse em saber como é isso para as mamães grávidas. Puxa, eu não imaginei que você estivesse passando por toda essa novela!
    Bom, eu juro que se eu morasse na mesma cidade que você eu iria te oferecer para ficar da Alice por algumas horas do dia pra você ter esse tempo tão importante pra você mesma. Acho que o que você leu faz todo o sentido: ter esse tempo faz bem pra mãe e pra criança.
    Eu imagino que essa vontade repentina da Alice em voltar a mamar deve ser um ciume antecipado misturado com a o temivel terrible two. Daqui eu torço pra que você consiga viver e sair dessa fase da melhor forma possível. Espero muito que você conte com ajuda. Seja dos seus familiares, seja de alguma babá.
    Força!
    Beijos,
    Rita

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  5. Ai, Carol... não se sinta culpada, não. Acho que são raríssimas as mães que não passam por essa "culpa". Eu tbm passei e lembro até hoje. Não durou até os dois anos, mas Sofia já estava na escolinha e lá estava eu, amamentando para dormir... Aí comecei a ter pavor de ela ficar pendurada no meu peito e era terrível, pq eu AMAVA aquele momento!
    Acho q é isso aí q vc passou: a gente passa a ter a sensação de ser escrava do bebê, pq tudo é a gente! E a amamentação é "pior" pq não tem jeito de pedir ao pai ou avós que façam isso por nós. É só a gente mesmo...
    Uma coisa que eu fiz muito em momentos difíceis foi conversar com a Sofia enqto ela dormia. Quem sabe? Quando Alice estiver lá no soninho dela, conversa com ela, diz q vc se sente mal por brigar com ela, mas é q vc já não consegue mais amamentar e ela tbm não precisa mais desse peito. Mas que ela tem o seu colo e o seu amor que vai alimentar sempre que ela precisar desse carinho. Faça isso todas as noites. Pode parecer besteira, mas tem efeito, sim! Vc vai ficar mais calma e ela vai absorver de alguma forma as suas palavras e tbm vai ficar tranquila!
    Tenta aí e depois me conta, tá?
    Beijo grande!

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  6. Carol, vc sabe que comecei a desmamar o Anthony quando engravidei e foi exatamente assim, chegava a dar um pânico quando ele acordava de madrugada (umas 6 vezes) pra mamar. Logo eu que amava, que defendia, que o que mais quis (mais até do q PN) era amamentar..e até hoje ainda sinto um ruim quando penso em amamentar outro bebe! Acho que talvez tenha sofrido dessa perturbação pq eu chegava a chorar enquanto sentia minha ´´vida saindo pelo peito`` ERA EXATAMENTE COMO ME SENTIA!!

    Mas espero que as coisas melhorem e que haja cura amiga. Até pq logo logo tem mais um bezerrinho(a) por aí <3

    Beeeijos

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  7. Estou passando exatamente por isso e pela segunda vez.Todas as vezes em que a minha filha de 1 ano e 10 meses pega o peito para mamar, me bate um ódio absurdo e inexplicável, vontade de jogar ela na parede mesmo.Me sinto muito culpada por isso, pois não queria me sentir assim.Quero amamentar ela até quando ela quiser, mas assim está sendo difícil. Há alguns meses atrás, passei pela mesma coisa.Tive que suspender a amamentação por algumas semanas até essa perturbação passar.Quando percebi que passou, voltei a amamentar,mas agora esses sentimentos ruins voltaram de novo...
    Náy

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