domingo, 20 de abril de 2014

Calma

Ser mãe/pai, desde fecundação, gravidez, amamentação e dia-a-dia, costuma ser algo lindo de viver e fácil de acontecer. É o que costumamos ver por aí, grandes histórias de sucesso com quartinhos e roupinhas fofas e grávidas com sapatinho na barriga. É errado isso tudo? Não, claro que não. Mas para a grande maioria das pessoas, não é bem assim.

Não me canso de ler mulheres que esperam ansiosamente pela gravidez e não conseguem. Passam a odiar sua menstruação que até ganha o apelido de "Monstra". Mulheres que perderam seus bebês. Casais que se desentenderam após o nascimento do filho. Cicatrizes, marcas físicas que nunca mais sairão de nossos corpos. Confusões sentimentais, ódio e amor. Alegria e tristeza. Tudo isso enquanto vemos nas embalagens de fraldas, nas novelas, nas revistas e até em alguns blogs mães e pais sorrindo com um bebê perfeito no colo.

Mesmo que cada vez mais vejo aqui na blogosfera as mães abrindo o coração para a dura realidade e pais cada vez mais presentes inaugurando blogs com o ponto de vista deles (ainda bem que tudo isso está acontecendo), tenho percebido que a cobrança social ainda pesa muito em nossas cabeças.

E eu aqui, lendo o livro "A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra" e me identificando com cada linha, quero dizer para você, mãe - ou tentante, que:


Calma. Hoje é seu dia fértil, mas não precisa se desesperar. Esqueceram de nos avisar que tá bem lá no fundinho de nossa alma, de nosso corpo, de nossa mente a capacidade de engravidar e que menstruar não é um terror, é apenas mais um pedido de paciência.

Calma. O berço, o quartinho, as roupinhas, as lembrancinhas, o bico, a mamadeira, nada disso importa quando nos deparamos com um bebê no colo. Esqueceram de nos avisar que era apenas preciso um cantinho confortável, nada muito luxuoso, pra gente aprender amamentar e dormir em paz.

Calma. Você se olha no espelho e não se reconhece. Está cansada, está diferente, está ausente. Já se passaram 3 meses, 6 meses, 1 ano quem sabe, e até hoje você não sabe mais se está presa ou se é aquela mulher livre. Esqueceram de nos avisar que na verdade a "quarentena" pode durar meses, anos e que não precisamos de nos culpar por algum fracasso.

Calma. Você estava achando que já tava com um pique total para a vida e de repente desandou tudo, leite diminuiu junto com libido, bebê está nervoso e até o companheiro não tem mais paciência. Esqueceram de nos avisar que estamos muito mais fusionadas aos nossos bebês do que imaginamos, então é normal não conseguirmos dar atenção a outros fatos ao redor. Respira, chora, tire o peso de você, fale o que sente, seja sincera com você mesma (talvez você esteja se enganando em alguns pontos, não?), se expresse, não guarde.

Calma. Se a solidão te invadiu, se o cansaço tira o sorriso e se o casamento desandou, não se culpe. Esqueceram de nos avisar que por mais que tenhamos comemorado o positivo juntos, chorado de alegria no ultrassom juntos, sentindo o bebê mexer pela barriga juntos, somos mais fracos do que fortes. Peça ajuda, se expresse, não guarde. Relembrem juntos os bons momentos e abram espaços para outros.

Esqueceram de nos contar que ser pai e mãe é sinônimo de entrega. Que amor e carinho não existe sem diálogo. Que a culpa não é nossa e muito menos dos bebês. Que mudanças geram conflitos, mas que podem ser solucionados com respeito. Que não precisamos de aparência, mas de ajuda e paciência.

Não se cobre. O caminho é longo, você bem sabe. Tanto sufoco já se foi.
Há tanto por vir. Há surpresas no caminho. Quem merece fica e segue junto.

Para seguir esta imensa trilha da maternidade/paternidade é preciso dar as mãos e lembrar sempre daquilo que esqueceram de nos avisar: pra quê pressa? Calma.


10 comentários:

  1. Ai Carol, amiga do céu... Vc nunca saberá o quanto eu PRECISAVA ler isto hoje, especialmente hoje!
    Obrigada!!! Só o que tenho a dizer aqui neste comentário.

    Um beijo grande,
    Ma.
    http://meupequenoreidavi.blogspot.com/

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  2. Sim... A pressa é inimiga do equilíbrio... 9 meses passam voando... Calma antes de tudo...
    Para poder desfrutar...

    HAHA você também usava os mesmos dedos de Zoe? hehe Viu, parentes distantes mas próximos rs
    Em julho compro minha camêra! rs

    beijos

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  3. Parece q vc fez esse post para mim!!

    Beijão

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  4. Ah, querida Carol! As vezes eu acho que na verdade você tem uns 70 anos de idade... Que sabedoria! Esse texto foi especial, parabéns! Eu sinto que a gravidez me trouxe mais calma, e eu sempre pensei que seria o contrário. Ela também me trouxe uma vontade de simplificar, de fazer tudo bem simples pra minha filha. Simples mas com muito amor.
    Beijos, Rita

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  5. PERFEITO E OBRIGADA!

    SÓ O QUE TENHO A DIZER!!

    ;)

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  6. Carolzinha, CALMA essa palavra me da nos nervos as vezes hahaha
    Mas esse post me fez ver as coisas com outros olhos e quando as pessoas me falam calma, não no mal sentido....
    E como a Rita disse , tbm sinto que a gravides me trouxe mais calma, COM MEU FILHO kkkkkk
    Beijoooooos

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  7. Ultimamente é a palavra que mais escuto por aqui, já ta me dando raiva kkkk. Vou atrás desse livro, to precisando muito ler e distrair a mente. Valeu a dica!

    Beijos

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  8. Li esse livro antes de engravidar e, para mim, é o melhor livro de gravidez e maternidade...Realmente, é tudo muito diferente do que imaginamos....Existem muitas dificuldades mesmo e é bom termos muita muita calma!! =)

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  9. Que boa hora de ler esse texto.
    Que boa hora seu blog apareceu.
    Tenho tentado ler muito sobre o 'lado real' da maternidade e, de certa forma, me preparar pra isso. Realmente, ter mais gente postando sobre o lado não-tão-cor-de-rosa-ou-azul da maternidade, sobre o lado REAL...é muito importante. Mas acho que só quando acontece é que sabemos como é, realmente.

    Te lendo ;)


    desejodebebe.wordpress.com

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